Ano difícil para fazer uma lista de melhores discos do ano. Por várias razões, 2012 foi um ano onde foi quase impossível manter o consumo musical de outros tempos. Por isso, este ano a lista está reduzida a cinco destaques. São os únicos discos em que foi possível ouvir do início ao fim, repetir e saborear.
Ainda assim, vale a pena deixar uma palavra para bandas como Wild Nothing, The Shins, Chad Valley, Cat Power, Fiona Apple, Two Door Cinema Club, The Walkmen, Sigur Rós, Bat For Lashes, entre outros.
Posto isto, aqui fica o que mais rodou por este lado durante 2012: Beach House, Chromatics, Perfume Genius, Twin Shadow, Kindness
Mais uma vez, Johnny Jewel - a mente por trás de bandas como Chromatics, Desire e Glass Candy - cria uma playlist irresistível. Para combater o frio e aquecer os ouvidos, aqui fica "A Mix For Autumn"
Estão à procura de romance? Os Chromatics mostram o caminho...ou a banda-sonora, pelo menos. A música faz parte da compilação After Dark II. Très chique, como sempre.
Chromatics / Hands In The Dark (4:48) Mirage / Last Nite A Dj Saved My Life (6:42) Mirage / Lady Operator (5:37) Glass Candy / Computer Love (5:37) Professor Genius / La Grotta (6:33) Chromatics / Killing Spree (1:19) Farah / Law Of Life (7:28) Chromatics / In The City (7:09) Glass Candy / Miss Broadway (6:46) Featuring Nat Walker / Saxophone & Eyvind Kang / Strings Mirage / Lake Of Dreams (9:26) Farah / Dancing Girls (5:36) Glass Candy / The Chameleon (4:55) Professor Genius / Pegaso (2:44)
Faltam 4 horas e já se vêem pessoas equipadas a rigor, filas enormes para entrar no recinto, trocas de expectativas, nervosismo, ansiedade e confiança num bom resultado. Podia ser um cenário à entrada para qualquer final da Champions League mas não. É Paredes de Coura e consegue-se sentir o burburinho no ar, próprio de jogo grande. A quantidade de t-shirts não deixa enganar, Ornatos Violeta são a equipa da casa. No período de aquecimento houve The Go! Team - esforçados e com a mesma energia já vista anteriormente num concerto na Casa da Música - e Dead Combo - elegantes e de qualidade.
Terminado o aquecimento, a ascensão da antecipação faz-se forte, demasiado forte. A minutos da tal final sempre sonhada mas nunca realizada, a realidade ainda sai da boca de muitos disfarçada de espanto "Têm noção que vamos ver Ornatos Violeta? Agora a sério, têm mesmo?". À partida, a táctica inicial era já conhecida: o álbum "O Monstro Precisa de Amigos" tocado na íntegra. Restava combater as incertezas e medos sobre o resultado da partida: Será uma boa exibição? A vitória vai ser possível? foto: Hugo Lima
Dá-se o apito inicial e a nossa equipa, os Ornatos Violeta, entra em campo e não mais pára de marcar golos. Ao final do 5º golo, "Ouvi Dizer", o avançado Manel Cruz decide falar aos adeptos: "Na minha terra diz-se foooda-se!". Manel, na tua terra não. Na nossa! E é mesmo isso: fooooooda-se! Em oito edições de Paredes de Coura, não me recordo de ver aquele anfiteatro cantar uma música daquela forma, em uníssono, seja de que banda for.
A taça estava mais do que entregue já antes do intervalo e foi inacreditável ver uma devoção tão grande quanto honesta por uma banda nacional. O ambiente de antecipação, nervosismo, curiosidade e, depois, de celebração tornou a noite numa daquelas histórias para um dia contar aos netos.
Aos Chromatics coube a tarefa de prolongar o clima de celebração da vitória folgada de Ornatos Violeta. Estiveram com um pé no Porto há 2 anos mas o concerto de então foi cancelado no dia anterior. Desde então que se suspirava por nova oportunidade e o novo disco "Kill For Love" só veio reforçar esse sentimento. Por limitações de horários festivaleiros, os Chromatics tiveram direito apenas a uma hora de concerto. Assim, foi de grande perspicácia que a banda optou por apresentar as suas músicas quase em jeito medley.
A entrada fez-se com "Tick Of The Clock", que ganhou fama por marcar presença na banda sonora do filme Drive. Ruth, a vocalista trés chic, encarna na perfeição o conceito musical dos Chromatics: ora enigmático, ora sensual. Ao vivo, as músicas tornam-se expansivas e até com mais nervo. Com Johnny Jewel, o mago das teclas e obreiro máximo da banda, "Back From The Grave", "I Want Your Love", "In The City" e "Hands In The Dark" foram armas de dança maciça.
No encore (pausa algo descabida para um concerto de 1 hora), ouviu-se a maravilhosa cover de "Running Up The Hill", original de Kate Bush, e "Night Drive", esta última que foi o primeiro contacto com a banda, há 5 anos, e de alguma forma é a mais especial. Que regressem rápido! Num ambiente mais pequeno (olá, Plano B).